Ficar banguela é sinal de status para jovens da África do Sul




Modas entre jovens podem ser aflitivamente estranhas. Você já viu a história dos adolescentes asiáticos que estão colocando aparelhos falsos nos dentes. Agora são os sul-africanos que resolveram aderir a uma estranha mania relacionada à própria boca. Só que lá, em vez de “tunar” a arcada dentária, a moda é ficar banguela. 


 “Agora” não é exatamente a expressão certa. Esse hábito vem sendo repetido há 60 anos e talvez já possa ser encarado como uma tradição dos jovens de Cape Flats, bairro da periferia de Cape Town em que os negros eram forçados a viver durante o apartheid – e que hoje é um foco de resistência da cultura negra. Mesmo com os dentes saudáveis, eles vão até o dentista e pedem que ele retire não todos os dentes, mas aqueles da frente, que geralmente aparecem quando a pessoa sorri. 

 Apesar da longevidade da tradição, é claro que ela se sustenta por causa de coisas como pressão do grupo de amigos e vontade de se incluir no universo de símbolos das gangs – tem até mulher e criança que entram na dança. 

 No final das contas, essa agressiva forma de imposição social se restringe ao cotidiano do gueto: os moradores de Cape Flats costumam usar dentaduras para trabalhar (os postos de trabalho costumam ficar nas áreas mais ricas, onde seus empregadores não entenderiam o charme da coisa). 

 O fenômeno já foi analisado por especialistas e eles chegaram a desenvolver uma hipótese para a origem da retirada de dentes como sinal de status. Antigamente os pescadores da região não conseguiam se comunicar com barcos distantes. Foi aí que eles criaram o “assobio do vazio”, sem a insistente resistência dos dentes da frente. 

 Via Oddity Central